sábado, 25 de outubro de 2008

A Porta

Abro a porta querendo uma única coisa: relaxar. Estágio, ônibus lotado, calor, fila, pagar contas, escrever matéria, mais ônibus, o mesmo mendigo de ontem pedindo esmola, aula na universidade, uma birita rápida com os amigos, nada de carona, caminhada até o supermercado, mais um ônibus, o último ônibus, rua escura, vazia, estou sozinho, chave na mão, abro a porta do quarto.

Entro e jogo sobre o tapete claro a mochila pesada. Tiro um vinho chileno e ponho pra gelar no frigobar. Ligo a TV, o condicionador de ar e a banheira de hidromassagem. Tiro a roupa. Corro até o banheiro, cago rápido. Tomo um banho ligeiro, mijo no ralo. Pulo sobre a cama.

Dou aquela espreguiçada, relaxo o corpo e pego o controle da TV por assinatura e saio passando canal por canal até encontrar um que alivie a minha cabeça. Paro quando encontro uma galega corpuda gemendo ao ser chupada por uma outra galega raspadinha. Nesse momento, pego no meu pau e inicio uma punheta pra galega raspada. Aumento o ritmo e passo a me masturbar já para a outra galeguinha. Ela agora é enfiada por três dedos no ânus. Gozo ao ritmo do gemido dela, uma voz doce que grita em inglês

Meu coração parece explodir. Subo velozmente rasgando as nuvens até o escuro do universo e volto de cabeça como uma bala até cair na cama outra vez e fechar os meus olhos. Suspiro aliviado. Abro os braços e relaxo completamente. Passo a viajar com o movimento extasiado da minha respiração. É como uma música, mas sem som. Apenas o ritmo. As galegas deram trabalho. Mas não há homem que resista à voz daquela mulher.

Dou uma levantada da cama e vou até o frigobar e puxo o vinho. Pego um saca-rolha da mochila. Pego também uma caixinha de fósforos. Encho uma taça com vinho e o mexo para observar se é encorpado. Sinto um pouco do aroma. Um gole curto. Ótimo sabor. Não é ácido. Outro gole, dessa vez mais demorado. Encho novamente a taça. Da caixinha de fósforo eu retiro uma lâmina fina de papel dobrada ao meio, um pequeno tablete de haxixe e um camarão de erva natural. Preparo caprichosamente um baseado a longos goles de vinho chileno.

O baseado ficou lindo e eu desço com ele para a banheira de hidromassagem portando também a taça, o vinho e a caixinha de fósforo. A água está morninha, não há como não curtir a banheira. Eu faço questão de derramar um pouco de vinho da garrafa na água apenas para dar um tempero. A cor do líquido logo se dispersa e eu me viro para o baseado e o acendo com apenas um dos fósforos.

Dou uma tragada forte e mergulho tentando agüentar o máximo de tempo embaixo d’água com o pulmão cheio. Vou soltando aos poucos a fumaça que sai leitosa e logo ela sobe e eu fico a me deslumbrar com a delicadeza com que ela passeia pelo ar. Termino o baseado com o quarto repleto de fumaça e a garrafa de vinho vazia.

Pego a toalha e saio para o banheiro despejar em mijo o vinho que bebi. Volto para a cama e curto outro casal de lésbicas se deliciando uma a outra. Provando as melhores partes do corpo uma da outra. Gemidos loucos, ruídos de sexo. Sai as lésbicas entra o comercial e volta uma ruiva sensual de camisola na cama. Ela parece estar sonhando com sexo. Ela se alisa inteiramente, ela abre a boca, ela chupa seus próprios seios, ela se penetra enfiando seu próprio dedo vagina adentro, ela se contorce na cama, bagunça os cabelos, torce os dentes, acelera os movimentos com as mãos, junta as pernas, fica em forma de feto e grita. Então acorda assustada sem saber o que aconteceu. Eu, diante do televisor, adormeço com a mão no pau.

Abro os olhos às sete e meia da manhã. Eu trabalho às oito! Pego o telefone ao lado da cama e ligo para a recepção e peço para fecharem a conta do quarto 502. Ligo a torneira e escovo os dentes. A conta ficou como o esperado. Pego minhas roupas pelo chão e visto a calça. Depois de seis horas de motel eu fecho a porta satisfeito.

2 comentários:

Anônimo disse...

Final inesperado, muito bom!

Beto_Leite disse...

Muito Bom mesmo!