terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Clarissa e meu sofá


Clarissa quando deitava em meu sofá era lindo de ver. Meu sofá todo fodido que mãe me deu assim que eu arranjei onde morar. Era um sofá antigo pra caralho, mais velho que eu se bobear.

Quando arrumei minha mala, decidido a ir morar sozinho, mãe apareceu no quarto e ofereceu o sofá velho lá dos fundos de casa. Na sala de estar o sofá já era outro, mais novo, caro e feio. Aceitei.

Meu apê tinha geladeira, fogão, cama, TV, som, DVD, computador, faltava um sofá, e ter aquela mobília dos tempos de menino ia me fazer um bem danado.

Clarissa, quando surgiu em minha vida, surgiu deitada no meu sofá. O Zeca, meu amigo da faculdade de biologia, estava a fim de fazer uma festa no dia do seu aniversário. Eu disse que era limpeza fazer a festa no meu apê, desde que não viesse muita gente. O apê é pequeno e os vizinhos são uns filhos-das-putas. Eis que Zeca me aparece com uma porrada de gente na festa. Claro que me fodi com a síndica, uma velha solteirona chata pra burro, mas foi com a festa que eu encontrei Clarissa.

Ela tinha bebido todas. Deixou o banheiro todo vomitado e se deitou no sofá pra dormir. Eu vi o estrago no banheiro e cheguei na sala perguntando quem tinha feita aquela imundice. Entre diversos “não fui eu”, três dedos apontaram para ela, que não estava nem aí. Já tinha apagado de sono no meu sofá.

No dia seguinte eu a acordei para tomarmos café juntos. Trocamos uma idéia, e eu ainda peguei o número do seu celular para marcar alguma saída durante a semana. O que aconteceu logo. A gente foi ver um filme no cinema, depois fomos comer um x-tudo, e aí eu fui pra faculdade.

Clarissa era uma garota linda. Fazia questão de deixar à mostra sua beleza. Comumente usava saia e eu ficava doido toda vez que via suas pernas brancas e suaves vindo em minha direção para que logo em seguida ela me perguntasse “estou bonita?”. Porra! – eu ficava bobo e sempre respondia assim.

Eu me fissurei em Clarissa. Ela, algumas vezes, me dava um fora quando eu a chamava pra sair, curtir um barzinho. Eu ficava puto da vida e pensava em nunca mais falar com ela. Aí no dia seguinte ela ligava pra mim, me chamando pra fazer alguma coisa.

Num desses dias ela ligou querendo ir bater em minha casa. “Tudo bem, pode aparecer”. Não sabia ao certo o que nós iríamos fazer em casa, já que ela uma vez chegou a afirmar que não transaria comigo tão cedo. E ainda era muito cedo, pois a gente saía há três semanas e só nos beijamos em três noites. Ela era bonita mais não deixava de ser complicadinha.

Ela chegou em casa gata como sempre. De saia, pernas brancas, blusinha, sem sutian, cabelos soltos. Seu ar era o mesmo. Ela trouxe um filme que eu nunca tinha ouvido falar, mas que segundo ela era muito bom.

Eu me deitei no chão e Clarissa no sofá. Nós assistimos ao filme calados. Que, por sinal, era muito bom mesmo. Quando acabou, a gente ficou um tempo parado na mesma posição em que estávamos, sem dizer nada, vendo os créditos passarem. Aí eu quis levantar pra ir trazer um refrigerante pra gente e ela pegou em meu ombro. Eu não entendi muito bem o que ela queria com esse gesto e me levantei assim mesmo, só que olhando pra ela. Foi aí que Clarissa me chamou para o sofá e eu fui. Quando ela tirou minha camisa e deu uma mordidinha na ponta de um dos meus mamilos, eu percebi que estava diante de uma garota fantástica, com desejos sexuais excêntricos. O que não era verdade, porque a gente fez um sexo bem casual nessa tarde e nas outras que se seguiram até o dia em que ela simplesmente não apareceu mais.

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